# GRUPO DE ESTUDOS ENCONTRO 02
DALE, William et al. Practical assessment and management of vulnerabilities in older patients receiving systemic cancer therapy: ASCO guideline update. Journal of Clinical Oncology, Chicago, v. 41, n. 26, p. 4293–4312, 10 set. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1200/JCO.23.00933. Acesso em: 30/06/2025.
RESUMO
Objetivo: Atualizar a diretriz da ASCO (2018) sobre a avaliação prática e o manejo das vulnerabilidades associadas ao envelhecimento em pacientes idosos submetidos à terapia sistêmica contra o câncer.
Métodos: Um Painel de Especialistas realizou uma revisão sistemática para identificar ensaios clínicos randomizados (ECRs), revisões sistemáticas e metanálises relevantes publicados no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2022.
Resultados: Um total de 26 publicações atendeu aos critérios de elegibilidade e constitui a base de evidências desta atualização.
Recomendações: O Painel de Especialistas reitera sua recomendação central contida na diretriz anterior, de que a avaliação geriátrica (AG), incluindo todos os domínios essenciais, deve ser utilizada para identificar vulnerabilidades ou limitações que não são rotineiramente contempladas nas avaliações oncológicas, em todos os pacientes com câncer com mais de 65 anos de idade. Com base em ECRs recentemente publicados que demonstraram melhora significativa de desfechos clínicos, todos os adultos mais velhos com câncer (≥65 anos) em uso de terapia sistêmica e com déficits identificados pela AG devem ter o manejo guiado pela avaliação geriátrica (GAG) incorporado ao seu plano de cuidados. O GAG compreende o uso dos achados da AG tanto para subsidiar a tomada de decisão terapêutica oncológica quanto para abordar as limitações identificadas, por meio de intervenções, orientações e/ou encaminhamentos apropriados. A AG deve contemplar, de forma prioritária, domínios relacionados ao envelhecimento que se associam a desfechos clínicos em idosos com câncer: função física e cognitiva, saúde emocional, condições clínicas concomitantes, polifarmácia, estado nutricional e suporte social. A adaptação clínica da AG, levando em consideração características da população atendida, recursos disponíveis e limitações de tempo, é considerada apropriada. O Painel recomenda a Practical Geriatric Assessment como uma das opções para esse fim (https://old-prod.asco.org/sites/new-www.asco.org/files/content-files/practice-patients/documents/2023-PGA-Final.pdf; https://youtu.be/jnaQIjOz2Dw; https://youtu.be/nZXtwaGh0Z0). Informações adicionais podem ser consultadas em: www.asco.org/supportive-care-guidelines.
Disponível em: https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO.23.00933
# GRUPO DE ESTUDOS ENCONTRO 02
MOHILE, Supriya G. et al. Practical assessment and management of vulnerabilities in older patients receiving chemotherapy: ASCO guideline for geriatric oncology. Journal of Clinical Oncology, Chicago, v. 36, n. 22, p. 2326–2347, 1 ago. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1200/JCO.2018.78.8687. Acesso em: 30/06/2025.
RESUMO
Objetivo: Fornecer orientações sobre a avaliação prática e o manejo das vulnerabilidades em pacientes idosos submetidos à quimioterapia.
Métodos: Foi constituído um Painel de Especialistas com o propósito de elaborar recomendações de diretrizes clínicas baseadas em uma revisão sistemática da literatura médica.
Resultados: Um total de 68 estudos atendeu aos critérios de elegibilidade e compõe a base de evidências que fundamenta as recomendações.
Recomendações Em pacientes com 65 anos ou mais em uso de quimioterapia, recomenda-se a utilização da avaliação geriátrica (AG) para identificar vulnerabilidades que, usualmente, não são contempladas nas avaliações oncológicas rotineiras. As evidências respaldam, no mínimo, a avaliação da funcionalidade, comorbidades, histórico de quedas, depressão, cognição e estado nutricional. O Painel recomenda a aplicação de atividades instrumentais da vida diária para avaliação funcional, obtenção de histórico clínico detalhado ou uso de instrumento validado para aferição de comorbidades, utilização de uma pergunta única para investigação de quedas, a Escala de Depressão Geriátrica para rastreamento de depressão, o Mini-Cog ou o teste Blessed Orientation-Memory-Concentration para triagem de comprometimento cognitivo, bem como a avaliação de perda de peso não intencional como indicador do estado nutricional. Para estimar o risco de toxicidade quimioterápica, recomenda-se a utilização das ferramentas CARG (Cancer and Aging Research Group) ou CRASH (Chemotherapy Risk Assessment Scale for High-Age Patients); já para predição de mortalidade, podem ser utilizados o Geriatric-8 ou o Vulnerable Elders Survey-13. Os clínicos devem recorrer a instrumentos validados disponíveis no ePrognosis para estimar expectativa de vida não relacionada ao câncer igual ou superior a 4 anos. Os resultados da AG devem ser empregados para elaborar um plano integrado e individualizado que oriente o manejo oncológico e identifique problemas não oncológicos passíveis de intervenção. A colaboração com cuidadores é essencial para a implementação de intervenções guiadas pela AG. O Painel sugere que os profissionais considerem os achados da AG ao recomendar quimioterapia e que essas informações sejam compartilhadas com pacientes e cuidadores, de forma a subsidiar a tomada de decisão terapêutica. Recomenda-se a adoção de intervenções específicas, orientadas pela AG, para o manejo de problemas não oncológicos. Informações adicionais encontram-se disponíveis em: www.asco.org/supportive-care-guidelines.
Disponível em: https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO.2018.78.8687
# GRUPO DE ESTUDOS ENCONTRO 02
MAGNUSON, Allison et al. Geriatric assessment for the practicing clinician: The why, what, and how. CA: A Cancer Journal for Clinicians, Atlanta, v. 74, n. 6, p. 496–518, nov./dez. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.3322/caac.21864. Acesso em: 30/06/2025.
RESUMO
Idosos com câncer vivenciam, de forma heterogênea, o cuidado em saúde, o tratamento e os sintomas associados. A avaliação geriátrica (AG) oferece uma análise abrangente do estado de saúde do indivíduo idoso e pode predizer desfechos relacionados ao câncer tanto em pacientes com tumores sólidos quanto naqueles com neoplasias hematológicas. Na última década, ensaios clínicos randomizados evidenciaram os benefícios da AG e da gestão baseada na avaliação geriátrica (GBAG), que utiliza as informações provenientes da AG para prover estratégias de intervenção personalizadas, direcionadas ao manejo das limitações identificadas (por exemplo, prescrição de fisioterapia para disfunção física). Diversos ensaios clínicos de fase 3 conduzidos em populações idosas com tumores sólidos e malignidades hematológicas demonstraram que a GBAG promove melhora na conclusão do tratamento, na qualidade de vida, na comunicação e no planejamento antecipado de cuidados, além de reduzir toxicidades relacionadas ao tratamento, quedas e polifarmácia. Entretanto, a implementação e a ampla adoção da GBAG permanecem desafiadoras. Diferentes estratégias têm sido propostas, incluindo o uso de ferramentas de triagem geriátrica para identificar pacientes com maior probabilidade de se beneficiarem da GBAG, o engajamento sistemático da equipe oncológica na oferta dessas intervenções e a integração de tecnologias, como telemedicina e soluções de saúde móvel, para ampliar o acesso à AG e à GBAG. Persistem desigualdades em saúde que afetam grupos minorizados, e a aplicação sistemática da AG possui potencial para captar determinantes sociais da saúde que sejam relevantes para a promoção de um cuidado equitativo. Os cuidadores exercem papel fundamental no cuidado oncológico e também enfrentam elevada sobrecarga. A AG pode orientar intervenções de cuidado de suporte díadico, contribuindo, em última instância, para que pacientes e cuidadores alcancem melhores condições de saúde.
Disponível em: https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3322/caac.21864
# GRUPO DE ESTUDOS ENCONTRO 02
LOH, Kah Poh et al. What every oncologist should know about geriatric assessment for older patients with cancer: Young International Society of Geriatric Oncology position paper. Journal of Oncology Practice, Alexandria, v. 14, n. 2, p. 85–94, fev. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1200/JOP.2017.026435. Acesso em: 30/06/2025.
RESUMO
O envelhecimento constitui um processo heterogêneo. A maioria dos casos novos de câncer ocorre em idosos, sendo fundamental compreender o estado geral de saúde do paciente ao se tomarem decisões terapêuticas. A avaliação geriátrica possibilita uma análise minuciosa de questões médicas, psicossociais e funcionais em pacientes idosos com câncer. Especificamente, esse tipo de avaliação pode identificar áreas de vulnerabilidade, predizer sobrevida e toxicidade, subsidiar decisões clínicas relativas ao tratamento e orientar intervenções na prática oncológica de rotina. Entretanto, sua adoção é limitada por restrições de tempo e recursos, assim como pela ausência de interpretação especializada. Nesta revisão, descrevemos a aplicabilidade da avaliação geriátrica por meio da apresentação de um caso ilustrativo e propomos um enfoque prático para sua utilização na oncologia.
Disponível em: https://ascopubs.org/doi/10.1200/JOP.2017.026435
#GRUPODEESTUDOS01
#ORGANIZAÇÃODESERVIÇOS
#CUSTOEFETIVIDADE
MCKENZIE, Gordon A. G. et al. Geriatric assessment prior to cancer treatment: A health economic evaluation. Journal of Geriatric Oncology, v. 14, n. 6, p. 101504, jul. 2023. DOI: 10.1016/j.jgo.2023.101504. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jgo.2023.101504.
RESUMO
Introdução
Diante da incerteza quanto à relação custo-efetividade da Avaliação Geriátrica (AG) na prática oncológica, foi conduzida uma análise econômica sintética baseada em modelagem para estimar sua viabilidade econômica.
Materiais e Métodos
Foi desenvolvido um modelo analítico de decisão, incorporando cadeias de Markov, com o objetivo de simular uma análise de custo-efetividade da inclusão da AG ao tratamento oncológico padrão, em comparação com a prática clínica usual. A população-alvo consistiu em pacientes com idade média de 77 anos, submetidos à quimioterapia ou cirurgia como terapêutica de primeira linha. Os parâmetros do modelo foram definidos com base em dados secundários extraídos da literatura, permitindo o cálculo do benefício líquido incremental em saúde associado à AG.
Resultados
A implementação da AG resultou em custos adicionais variando entre £390 e £576, conforme a configuração adotada. Sob premissas favoráveis acerca da eficácia da AG, o benefício líquido incremental em saúde foi levemente positivo (entre 0,09 e 0,12), independentemente do limiar de custo-efetividade (CET) considerado. Por outro lado, na ausência de redução nas complicações pós-operatórias, a AG não se demonstrou custo-efetiva, apresentando benefício líquido negativo em todos os CETs. Quando aplicada antes da quimioterapia, com recursos humanos e tecnológicos mínimos, a AG revelou-se custo-efetiva, com benefício líquido incremental entre 0,06 e 0,07 em todos os limiares analisados.
Discussão
Embora as evidências atuais indiquem que a AG pode melhorar os desfechos clínicos em oncologia, sua aplicação indiscriminada em todos os pacientes idosos com câncer não se mostra, necessariamente, custo-efetiva. Contudo, a adoção de modelos de implementação criteriosamente selecionados pode conferir viabilidade econômica à intervenção. Considerando a heterogeneidade significativa entre os centros oncológicos e a variabilidade nos resultados conforme o contexto, a AG permanece de difícil avaliação padronizada. Diante disso, recomenda-se uma abordagem pragmática por parte dos stakeholders, priorizando avaliações locais em detrimento de pesquisas generalizáveis. Por ser uma estratégia que tende ao utilitarismo e apresenta baixo risco à segurança do paciente, a AG configura-se como uma alternativa promissora para implementação em larga escala.
Palavras-chave: Análise de custo-benefício, Câncer, Avaliação geriátrica, Técnicas de apoio à decisão
Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37320931/
#GRUPODEESTUDOS01
#ORGANIZAÇÃODESERVIÇOS
#CUSTOEFETIVIDADE
ALIBHAI, S. M. H. et al. Economic evaluation of a geriatric oncology clinic. Cancers, v. 14, n. 3, p. 789, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/cancers14030789. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6694/14/3/789.
RESUMO
Resumo simples
Evidências científicas crescentes respaldam a utilização da Avaliação Geriátrica (AG) prévia ao início do tratamento oncológico em pacientes idosos. No entanto, sua implementação ainda é limitada, possivelmente em decorrência da escassez de dados econômicos robustos que comprovem sua efetividade sob a perspectiva de custo. O presente estudo realizou uma avaliação econômica de uma clínica acadêmica de oncologia geriátrica, incluindo 152 pacientes com idade igual ou superior a 65 anos, submetidos à AG no contexto pré-tratamento. Foram estimados, com precisão, os custos relacionados ao tratamento inicialmente proposto (pré-AG), os custos da própria AG e de suas recomendações, bem como os custos finais do tratamento efetivamente realizado. Os resultados demonstraram uma economia média de 7.387 dólares canadenses (CAD) por paciente avaliado. Análises de sensibilidade extensas confirmaram a atratividade econômica da AG, reforçando seu potencial para adoção mais ampla na prática oncológica geriátrica.
Resumo detalhado
A Avaliação Geriátrica (AG), embora respaldada por evidências clínicas e diretrizes recentes, é subutilizada na prática oncológica, sobretudo devido às limitações orçamentárias e logísticas. Com o intuito de avaliar sua viabilidade econômica, foi conduzido um estudo de custo em uma clínica de oncologia geriátrica situada em um centro acadêmico. Foram analisados dados retrospectivos de 152 pacientes consecutivos com 65 anos ou mais (idade média de 82 anos), encaminhados para avaliação no período pré-tratamento entre julho de 2016 e junho de 2018. As propostas terapêuticas anteriores à AG, bem como os tratamentos efetivamente realizados após sua realização, foram obtidos a partir de revisão minuciosa dos prontuários médicos. Foram considerados os custos associados à AG, incluindo investigações diagnósticas e encaminhamentos, e calculados os custos unitários dos componentes assistenciais (cirurgia, radioterapia, terapias sistêmicas, exames laboratoriais e de imagem, além de atendimento médico, de enfermagem e de profissionais da saúde aliados), todos em dólares canadenses de 2019. Adotou-se um horizonte temporal de seis meses e a perspectiva do sistema público de saúde (pagador governamental). A AG levou à modificação do plano terapêutico em 51% dos casos. Os custos estimados com os tratamentos inicialmente propostos totalizaram 3.655.015 CAD, enquanto os custos da AG e intervenções associadas somaram 95.798 CAD. Os custos finais dos tratamentos efetivamente realizados após a AG totalizaram 2.436.379 CAD, resultando em uma economia líquida de 1.122.837 CAD, equivalente a 7.387 CAD por paciente atendido. As análises de sensibilidade demonstraram robustez dos resultados frente a diferentes cenários. Esses achados, quando combinados às evidências clínicas já existentes sobre os benefícios da AG, fortalecem a justificativa para a implementação de clínicas de oncologia geriátrica em contextos de saúde semelhantes. No entanto, investigações adicionais são necessárias para avaliar a aplicabilidade desses resultados em diferentes sistemas de saúde e realidades assistenciais.
Palavras-chave: avaliação geriátrica abrangente; avaliação econômica; oncologia geriátrica; tomada de decisão terapêutica; idosos; avaliação clínica; neoplasias.
Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35159056/
#GRUPODEESTUDOS01
#ORGANIZAÇÃODESERVIÇOS
#CUSTOEFETIVIDADE
SAHAKYAN, Yeva et al. Cost-utility analysis of geriatric assessment and management in older adults with cancer: economic evaluation within 5C trial. Journal of Clinical Oncology, v. 42, p. 59–69, 2023. DOI: https://doi.org/10.1200/JCO.23.00930.
RESUMO
Objetivo
A Avaliação Geriátrica (AG) é uma abordagem multidimensional recomendada por diretrizes clínicas para otimizar o manejo do câncer em pacientes idosos. Este estudo teve como objetivo realizar uma análise de custo-utilidade incorporada ao ensaio clínico randomizado 5C, comparando a estratégia de AG com manejo (GAM) somada aos cuidados usuais (CU) versus os CU isoladamente.
Métodos
A avaliação econômica foi conduzida sob as perspectivas societal e do sistema de saúde, considerando um horizonte temporal de 12 meses. No âmbito do ensaio canadense 5C, pacientes foram randomizados para os grupos GAM (n = 173) ou CU (n = 177). Os desfechos clínicos foram mensurados em anos de vida ajustados pela qualidade (QALYs), por meio do questionário EuroQol-5D-5L. A utilização de serviços de saúde foi quantificada a partir de diários de custos e revisão de prontuários. Calculou-se o benefício monetário líquido incremental (INMB) para a amostra total e para subgrupos clínicos pré-definidos.
Resultados
Após 12 meses de acompanhamento, os QALYs médios por paciente foram de 0,728 no grupo GAM e 0,751 no grupo CU (ΔQALY = –0,023; IC 95%: –0,076 a 0,028). A partir da perspectiva social, os custos médios totais por paciente foram estimados em CA$ 46.739 para o grupo GAM e CA$ 45.177 para o grupo CU (ΔCusto = CA$ 1.563; IC 95%: –CA$ 6.583 a CA$ 10.403). Considerando um limiar de custo-efetividade de CA$ 50.000/QALY, a estratégia GAM não foi considerada custo-efetiva em comparação com os CU (INMB = –CA$ 2.713; IC 95%: –CA$ 11.767 a CA$ 5.801). Contudo, para o subgrupo de pacientes tratados com intenção curativa, o INMB foi positivo (CA$ 2.984; IC 95%: –CA$ 7.050 a CA$ 14.179), com uma probabilidade de 72% de ser custo-efetiva. Em contrapartida, para pacientes em cuidados paliativos, o INMB permaneceu negativo (–CA$ 9.909; IC 95%: –CA$ 24.436 a CA$ 4.153). Resultados semelhantes foram observados sob a perspectiva do pagador de planos de saúde.
Conclusão: Este é, até o momento, o primeiro estudo a avaliar a custo-utilidade da GAM em oncogeriatria. Os achados indicam que a GAM é custo-efetiva em pacientes tratados com intenção curativa, mas não em contextos paliativos. Os resultados oferecem subsídios relevantes para decisões sobre a incorporação e implementação da GAM na prática clínica oncológica em idosos.
Palavras-chave: avaliação geriátrica abrangente; avaliação econômica; oncologia geriátrica; custo-efetividade.
Disponível em:
https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO.23.00930.
#ASPECTOSGERIATRICOS
#QUEDAS
LINGAMAIAH, Doddolla et al. Falls among geriatric cancer patients: a systematic review and meta-analysis of prevalence and risk across cancer types. BMC Geriatrics, [S.l.], v. 25, n. 179, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12877-025-05722-1.
RESUMO
Introdução:
As quedas representam um desafio significativo de saúde pública entre a população idosa, com implicações ainda mais graves em pacientes idosos com câncer. Esses indivíduos enfrentam maior risco devido à interação entre alterações fisiológicas relacionadas à idade e os efeitos adversos dos tratamentos oncológicos, como quimioterapia, radioterapia e uso de medicamentos que afetam o equilíbrio e a cognição. Compreender a prevalência e os fatores associados a quedas nessa população é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e cuidado.
Objetivo:
Esta revisão sistemática com meta-análise teve como objetivo estimar a prevalência global de quedas entre pacientes idosos com câncer e avaliar os riscos associados, considerando diferentes tipos de câncer e contextos geográficos.
Metodologia:
Seguindo as diretrizes PRISMA 2020, foi realizada uma busca sistemática nas bases PubMed, Embase e Web of Science até outubro de 2024. Dois revisores independentes selecionaram os estudos por meio da plataforma Nested Knowledge. Os critérios de inclusão abarcaram estudos com pacientes com 60 anos ou mais, diagnosticados com qualquer tipo de câncer, que apresentassem dados sobre a prevalência de quedas. A qualidade metodológica foi avaliada utilizando a Escala de Newcastle-Ottawa modificada. A meta-análise foi conduzida com modelos de efeitos aleatórios, utilizando o software estatístico R, considerando a heterogeneidade entre os estudos.
Resultados:
Dos 1.365 estudos inicialmente identificados, 86 preencheram todos os critérios de elegibilidade, totalizando uma amostra de 180.974 participantes. A prevalência combinada de quedas foi estimada em 24% (intervalo de confiança de 95%: 20% a 28%), com heterogeneidade substancial entre os estudos (I² = 100%). A análise por país e por tipo de câncer revelou uma considerável variação na prevalência, sendo que pacientes com câncer de mama apresentaram as maiores taxas de queda. A comparação entre pacientes com câncer e indivíduos sem câncer não demonstrou uma diferença estatisticamente significativa no risco de queda, sugerindo que fatores não específicos da doença oncológica também exercem influência relevante nesse desfecho.
Conclusão:
A alta prevalência de quedas entre idosos com câncer destaca a necessidade urgente de incorporar avaliações sistemáticas de risco de queda nas rotinas clínicas oncológicas geriátricas. Intervenções multidisciplinares, personalizadas e culturalmente adaptadas podem contribuir para a prevenção de quedas, promovendo maior segurança, qualidade de vida e autonomia para esses pacientes.
Palavras-chave: Quedas, Idosos, Câncer, Prevalência, Fatores de risco
Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11909948/pdf/12877_2025_Article_5722.pdf
#HEMATOLOGIA
#FRAGILIDADE
SIA, Aaron et al. Describing the outcomes of frail patients undergoing treatment with systemic therapies for acute myeloid leukaemia: a systematic review. Journal of Geriatric Oncology, [S.l.], v. 16, n. 3, p. 102196, abr. 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jgo.2025.102196.
RESUMO
Introdução:
A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica de alta gravidade que afeta predominantemente indivíduos idosos. Essa população apresenta particular vulnerabilidade às abordagens terapêuticas intensivas, como a quimioterapia, o que aumenta o risco tanto de subtratamento — resultando em perda de oportunidades terapêuticas — quanto de sobretratamento, com possíveis danos iatrogênicos. Diante desse cenário, torna-se essencial o uso de ferramentas mais precisas para apoiar a estratificação de risco e a tomada de decisão clínica individualizada. Neste contexto, a fragilidade tem emergido como um potencial marcador prognóstico. Este estudo teve como objetivo investigar a associação entre a fragilidade geriátrica e os desfechos clínicos relacionados ao tratamento sistêmico em adultos com LMA.
Materiais e Métodos:
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura por meio das bases de dados PubMed, EMBASE, CINAHL e Web of Science. Foram incluídos estudos que avaliaram fragilidade em adultos submetidos à terapia sistêmica para LMA, considerando como critério a utilização de instrumentos validados de triagem geriátrica ou avaliações multidimensionais que contemplassem ao menos dois domínios geriátricos relevantes. Os desfechos analisados incluíram sobrevida global (SG), mortalidade, taxa de resposta ao tratamento e toxicidade de alto grau.
Resultados:
A busca identificou 6.644 estudos, dos quais 16 atenderam aos critérios de inclusão. A sobrevida global foi o desfecho mais frequentemente analisado (n = 12), seguida por mortalidade (n = 8), taxa de resposta ao tratamento (n = 6) e toxicidade de alto grau (n = 5). Em 11 dos estudos, a fragilidade mostrou-se associada a piores desfechos clínicos. Especificamente, a fragilidade esteve relacionada à menor sobrevida global (n = 5), maior mortalidade (n = 3) e maior ocorrência de toxicidade grave (n = 1). Em análises multivariadas, a fragilidade manteve sua associação com menor sobrevida mesmo após o controle de fatores como biomarcadores moleculares e estado funcional. No entanto, a significativa heterogeneidade nas definições de fragilidade e nos desfechos relatados impediu a realização de uma meta-análise. A maioria dos estudos apresentou qualidade metodológica considerada moderada.
Discussão:
A presença de fragilidade demonstrou ser um fator preditivo independente de desfechos desfavoráveis em pacientes com LMA, fornecendo informações complementares aos sistemas prognósticos tradicionais baseados em critérios biológicos e laboratoriais. A avaliação rotineira da fragilidade no contexto onco-hematológico pode contribuir para uma estratificação de risco mais precisa, otimizando a escolha terapêutica e promovendo cuidados mais personalizados e seguros para a população idosa com LMA.
Palavras-chave: Leucemia mieloide aguda; Fragilidade; Avaliação geriátrica; Sobrevida global; Desfechos clínicos.
Disponível em:
https://www.geriatriconcology.net/article/S1879-4068(25)00012-8/abstract
#CIRURGIAONCOLOGICA
#AGA
DISALVO, Domenica et al. The effect of comprehensive geriatric assessment on treatment decisions, supportive care received, and postoperative outcomes in older adults with cancer undergoing surgery: A systematic review. Journal of Geriatric Oncology, [S.l.], v. 16, n. 3, p. 102197, abr. 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jgo.2025.102197.
RESUMO
Introdução:
A cirurgia oncológica representa uma modalidade terapêutica central no manejo de tumores sólidos localizados. Em pacientes idosos, no entanto, a presença de múltiplas comorbidades, alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento e estados de fragilidade podem aumentar a complexidade do cuidado cirúrgico. Nesse contexto, a Avaliação Geriátrica (AG) e, especialmente, a Avaliação Geriátrica Ampla ou Abrangente (AGA), surgem como estratégias promissoras para a identificação precoce de vulnerabilidades clínicas, funcionais, cognitivas, nutricionais e psicossociais. A implementação de intervenções personalizadas, fundamentadas na AGA, pode contribuir de maneira significativa para a tomada de decisões terapêuticas mais seguras, além de mitigar riscos de complicações perioperatórias, melhorar a qualidade do cuidado e potencialmente otimizar desfechos clínicos e funcionais. Esta revisão sistemática tem por objetivo sintetizar as evidências disponíveis sobre os efeitos da AGA, em comparação aos cuidados convencionais, em pacientes idosos com câncer com indicação cirúrgica, analisando seus impactos nas decisões terapêuticas, nas intervenções de suporte, nas complicações pós-operatórias, na sobrevida e na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS).
Materiais e Métodos:
Foi conduzida uma busca sistemática nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, CINAHL e PubMed, contemplando o período de janeiro de 2000 a outubro de 2022. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (ECRs) e estudos de coorte com grupo comparativo que investigaram os efeitos da AGA em indivíduos com 65 anos ou mais diagnosticados com câncer e com indicação de procedimento cirúrgico. A revisão seguiu as diretrizes metodológicas PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Em razão da heterogeneidade metodológica observada entre os estudos incluídos — em termos de desenho, desfechos avaliados, intervenções e populações —, não foi viável a realização de meta-análise; os achados foram, portanto, apresentados de forma narrativa.
Resultados:
Entre 12.440 citações inicialmente identificadas, 312 foram selecionadas para leitura na íntegra e 13 estudos foram incluídos na análise final, correspondendo a 12 ECRs: quatro ensaios clínicos randomizados e oito estudos de coorte (três prospectivos e cinco retrospectivos). Os ECRs apresentaram amostras variando entre 122 e 475 participantes (média de 249), com diversidade quanto ao profissional responsável pela aplicação da AGA, disciplinas envolvidas e nível de integração das equipes interdisciplinares. Os desfechos primários analisados incluíram delírio pós-operatório (dois estudos), complicações cirúrgicas classificadas de grau II a V conforme Clavien-Dindo (um estudo), tempo de permanência hospitalar (um estudo) e um desfecho composto abrangendo mortalidade, perda funcional e perda ponderal (um estudo).
Todos os ECRs apresentaram elevado risco de viés, principalmente em razão da insuficiência de poder estatístico para detectar diferenças significativas nos desfechos primários propostos; nenhum deles alcançou significância estatística nos desfechos principais. No entanto, em análises secundárias ajustadas por fatores pré-especificados, um dos ECRs evidenciou que a AGA foi associada à redução significativa da ocorrência de complicações pós-operatórias (graus I a V de Clavien-Dindo), com um odds ratio ajustado de 0,33 (IC 95%: 0,11–0,95; p = 0,05), efeito atribuído, sobretudo, à redução de complicações de menor gravidade (graus I-II). Em relação à QVRS, um ECR não encontrou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos ao longo do tempo; embora os participantes do grupo intervenção tenham relatado menor intensidade de dor no momento da alta hospitalar, essa diferença não se manteve aos três meses de seguimento.
Discussão:
Apesar das promissoras hipóteses clínicas em torno da AGA na atenção ao idoso oncológico cirúrgico, os estudos disponíveis apresentam limitações metodológicas importantes, incluindo tamanho amostral reduzido, heterogeneidade de intervenções e ausência de padronização nos desfechos. A evidência atual é insuficiente para afirmar, de forma conclusiva, a eficácia da AGA sobre desfechos clínicos relevantes. Ensaios clínicos robustos, bem desenhados, com amostras adequadas e desfechos clínicos significativos, são urgentemente necessários para validar o papel da AGA na personalização do cuidado cirúrgico oncológico geriátrico.
Palavras-chave: Avaliação geriátrica abrangente; Delírio pós-operatório; Fragilidade; Complicações cirúrgicas; Cuidados perioperatórios; Oncogeriatria.
Disponível em:
https://www.geriatriconcology.net/article/S1879-4068(25)00013-X/abstract